Os campeões não têm tido tão pouco guarda-redes

Nos últimos campeões, nenhum teve tido um guarda-redes tão pouco eficiente. Amorim bem pode agradecer às gentes do ataque, responsáveis por uma eficácia brutal nas oportunidades criadas.

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Adán, guarda-redes do Sporting ERIC GAILLARD / REUTERS
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Em Dezembro, escreveu-se e provou-se nestas páginas que “o Sporting não defende mal, mas poderá ter guarda-redes a menos” e que “nos 15 golos sofridos pelos “leões” na Liga, Antonio Adán tem responsabilidade directa em três e parcial em cinco”.

Em Abril, com o Sporting campeão, pouco mudou. E os “leões” conquistaram o campeonato nacional jogando com Adán, guarda-redes “a menos” em boa parte da temporada, e com Israel, guarda-redes que ainda apresenta alguma insegurança.

Vamos a números. O Sporting é uma equipa que concede muito poucos remates aos adversários e os que concede são de baixa probabilidade de sucesso. No fundo, isto significa que defende bem e não permite boas situações de finalização aos rivais.

Mas é, por outro lado, a quinta equipa da I Liga com pior rácio de golos sofridos para o valor estatístico de golos sofridos esperados (xG) – ou seja, sofre mais golos do que deveria sofrer em função da probabilidade de sucesso das oportunidades que concede.

Se o Sporting concede pouco e se os adversários mesmo assim marcam, então ou os atacantes adversários estão sempre no seu melhor frente aos “leões” ou – e esta é a hipótese verosímil – algo se passa na baliza “leonina”.

Adán bem atrás de... Adán

Adán, que ainda é o guarda-redes mais utilizado pelo Sporting na I Liga, leva, nesta temporada, segundo o Fotmob, um valor de 60% de remates defendidos – é o terceiro pior guarda-redes do campeonato neste domínio.

Alguma vez um campeão teve um guarda-redes assim? Não é possível aferi-lo para toda a história, mas podemos verificar nas últimas cinco temporadas, que são as que têm dados fidedignos disponíveis.

O campeão anterior, o Benfica, teve em Vlachodimos um guarda-redes acima dos 73% de remates defendidos. Antes desse, o FC Porto teve Diogo Costa nos 69%. Adán, já campeão no Sporting no seu primeiro ano no clube, chegou aos 75% nessa época – foi o terceiro guarda-redes mais forte nesta métrica, algo que atesta a descida brutal do nível do espanhol em dois anos.

Antes de Adán tinha havido FC Porto campeão com Marchesín, nos 71%, o Benfica de Vlachodimos, nos 75%, e o FC Porto de Casillas, nos 78%.

Não houve, nos últimos campeões, algum que tenha tido um guarda-redes tão pouco eficiente na baliza nem houve algum com um valor de golos sofridos superior ao de golos sofridos esperados.

Portanto Adán, Israel e Amorim bem podem agradecer às gentes do ataque – porque essas foram responsáveis por um valor de golos marcados brutalmente superior ao de golos esperados – estamos a falar de um rácio positivo de +17, isto é, o Sporting marcou mais 17 golos do que “seria suposto” pela probabilidade de sucesso das oportunidades que criou.

A equipa seguinte nesse ranking, o Estoril, vai com... seis golos positivos – sim, apenas seis. Também por aqui se fez este título do Sporting.

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