As cinco figuras do 20.º título do Sporting

Numa época com vários destaques individuais, o PÚBLICO seleccionou cinco jogadores com forte impacto no título.

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Pedro Nunes / REUTERS
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Numa equipa que se sagra campeã, é ingrato seleccionar uma mão-cheia de rostos entre contributos tão diversos e igualmente importantes. Nesta selecção poderíamos ter incluído Diomande, Morita ou Francisco Trincão, entre outros, mas decidimos premiar a continuidade do rendimento e o impacto directo que muitas acções individuais acabaram por ter no jogar do Sporting.

Viktor Gyökeres

Os números falam por ele: 41 golos em 47 jogos (44 dos quais como titular), 14 assistências, dois ciclos de quatro jogos seguidos a marcar, dois hat-tricks e nove “bis”. Não é apenas o melhor marcador da Liga (27 golos em 31 jogos), é o jogador com mais impacto no campeonato. Uma aposta em cheio do Sporting com rendimento imediato. Viktor Gyökeres é um daqueles avançados raros, difíceis de marcar pela componente física, pela mobilidade, pelo poder de explosão. É um avançado que oferece ao treinador uma paleta imensa de soluções ofensivas, que tanto joga em apoio como pede a bola no espaço. É um trabalhador nato, incansável. E é, acrescentando a todos estes atributos, um puro finalizador. Um “achado” no segundo escalão inglês que catapultou os “leões” para o primeiro lugar.

Gonçalo Inácio

Da mão-cheia de defesas centrais que Ruben Amorim tem ao dispor, Gonçalo Inácio foi o que mais se destacou. E não é fácil sobressair quando se tem ao lado colegas da dimensão de Coates ou Diomande. A verdade é que o internacional português juntou segurança defensiva e um comportamento muito competente sem bola a um predicado que é cada vez mais indispensável nos defesas da actualidade: a qualidade com bola. Foi do seu pé esquerdo que nasceram muitas das acções ofensivas coroadas de êxito, fosse a quebrar linhas com passes de ruptura, fosse a contornar a pressão à procura da profundidade (e tantas vezez de Gyökeres, claro). Aos 22 anos, é uma certeza do Sporting e do futebol português. E terá, seguramente, um lugar reservado no Euro 2024.

Pedro Gonçalves

É um todo-o-terreno e voltou a prová-lo. Útil à equipa em diferentes missões e contextos, voltou a destacar-se (como é natural) sempre que pisou terrenos mais próximos da baliza adversária. A qualidade do seu jogo entre linhas salta à vista, a precisão no último passe é notável e o requinte com que finaliza muitas das jogadas é desarmante. Foram 11 golos e 12 assistências em 29 jogos na Liga, sempre num registo associativo que eleva a ideia de jogo de Ruben Amorim a outro nível. Pedro Gonçalves é aquele tipo de jogador que ajuda a unir duas peças de um puzzle, que dá sentido a uma equação composta por diferentes parcelas, tal a naturalidade com que é capaz de ligar sectores. A solidez do rendimento colectivo do Sporting também se deve muito à estabilidade das suas prestações.

Hjulmand

Palhinha, Ugarte, Matheus Nunes, a herança era pesada. Hjulmand chegou a Alvalade já com o comboio em andamento, vindo de uma realidade (a do Lecce) em que os títulos nunca passaram de uma miragem. Mas teve o mérito de rapidamente mudar de pele. Estável como a ponte de Öresund, este dinamarquês que combina uma faceta de operário com outra de artífice foi nuclear para a estabilidade da ideia de jogo do Sporting. Rigoroso sem bola, quer na ocupação de espaços quer no timing de pressão sobre o portador, revelou-se uma boa surpresa em posse também. Mais um facilitador do que um criador, teve o condão de manter a equipa equilibrada e de chegar, tantas vezes, com perigo ao último terço. Que o diga o Benfica, com aquele golo na Luz nas meias-finais da Taça de Portugal.

Geny Catamo

Poderíamos fechar este top5 com outros nomes, é verdade, mas o que Geny conseguiu nesta época de afirmação (depois de empréstimos ao Vitória SC e ao Marítimo) deve ser valorizado. Um extremo que se tornou num ala/lateral bastante fiável, um desequilibrador que aprendeu a manter a equipa colada, um jovem que passou a jogar como um adulto. À direita (e às vezes à esquerda) deu asas ao Sporting quando a equipa tinha bola, ao oferecer-lhe velocidade em condução, verticalidade e capacidade de penetração. Jogando mais à largura ou com diagonais interiores, mostrou-se sempre incisivo e um quebra-cabeças para a organização adversária, tal a objectividade dos seus movimentos. Chega ao fim da época como um dos meninos queridos de Alvalade. Por mérito próprio.

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