A gestão de Amorim esvaziou o grupo dos prescindíveis

Algo que diz muito sobre a gestão de Rúben Amorim é que neste título do Sporting é difícil fazer um texto sobre os jogadores que pouco contribuíram. Há, ainda assim, cinco casos para estudo.

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Neto em acção pelo Sporting LUIS FORRA
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Ao lado do texto das figuras do título há outro habitualmente publicado por aqui, que versa sobre os jogadores pouco úteis – ou de utilidade escondida.

Algo que diz muito sobre a gestão de Rúben Amorim é que neste título do Sporting é difícil fazer um texto sobre os jogadores que pouco contribuíram.

São poucos os que encaixam nesse perfil e mesmo os que encaixam têm bons motivos para lá estar – com uma excepção. Mas já lá vamos

Não é novidade que Amorim gosta de trabalhar com grupos pequenos. Entre o risco de ficar com poucas opções quando há lesões e a virtude de ter sempre gente com ritmo competitivo, Amorim costuma pender para a segunda opção.

Arrisca, é verdade, mas, tendo a fortuna do seu lado, capitaliza uma fórmula vencedora, que é a de quem pode mexer no “onze” em todos os jogos, sem que a equipa vá abaixo necessariamente por culpa de quem foi chamado à titularidade.

Nesta temporada, não foi diferente. Foram vários os jogos em que o Sporting não teve um único avançado no banco – ora por lesões, ora por ter Paulinho e Gyokeres no “onze”, também foram algumas partidas sem desequilibradores no banco, sobretudo quando se conjugaram ausências de Morita (com a deslocação de Pote), Edwards ou Trincão com a presença de Nuno Santos e Geny nas alas em simultâneo.

Quantas equipas poderão dizer que foram campeãs com tanta escassez de ataque em vários jogos? Muito poucas.

O único sector onde se verificou fartura foi no defensivo e também por isso se viu, semana após semana, uma prevalência de opções defensivas no banco para quem precisava de ir para o ataque.

Na segunda metade da temporada, o Sporting teve Coates, Diomande, St. Juste, Inácio, Quaresma, Neto, Matheus Reis e Pontelo no plantel – oito opções, para três lugares no centro da defesa. E teve ainda Esgaio, Fresneda, Geny, Nuno Santos, Matheus Reis – cinco opções para dois lugares.

Também por isto, embora não apenas por isto, três dos cinco “inúteis” pertençam ao pelouro defensivo do plantel.

Comecemos, então, pelo único dos cinco cuja presença neste lote é mais difícil de explicar.

Fresneda (4 jogos)

O lateral espanhol é, provavelmente, a principal desilusão da temporada “leonina” a nível de desempenho individual. Contratado para ser o dono do corredor direito, prometia trazer propensão ofensiva, técnica e capacidade física para ser uma mais-valia também a defender – mesmo que lhe fossem detectadas lacunas de posicionamento.

A concorrência de Ricardo Esgaio e a teórica inexistência de Geny Catamo como outro concorrente faziam de Fresneda uma opção óbvia para ir crescendo no “onze”, mesmo que com falhas. Mas assim não foi.

Por problemas físicos, por falta de confiança de Amorim no seu desempenho ou pelo surgimento de Geny, Fresneda foi praticamente irrelevante no título do Sporting. E não era suposto que assim fosse.

Neto (6 jogos)

A partir de Fresneda, todos os nomes destacados têm justificações razoáveis para aqui estarem. No caso de Neto, trata-se de alguém de relevância desportiva quase nula, mas, em simultâneo, uma figura de importância reconhecida na dinâmica de grupo.

Da boca de Amorim ou de colegas, Neto é várias vezes elogiado por ser um dos líderes do grupo e esse não é um pelouro desdenhável.

Não foi um defesa fulcral – até porque é esse o sector mais apetrechado no plantel –, mas, mesmo que não possamos assistir à vida interna da equipa, é seguro dizer que teve muita relevância para os campeões nacionais.

Koba, Pontelo e Essugo (3, 1 e 4 jogos)

Estes surgem na lista porque, em rigor, foram pouco relevantes. Não há como dizê-lo de outra forma: sem eles, o Sporting teria, provavelmente, sido campeão na mesma.

Mas, tal como Neto, há um bom motivo para que tenham de ser categorizados de forma diferente da de Fresneda. É que Koba e Pontelo só chegaram em Janeiro e não foram contratados para ajudarem a equipa até ao final da temporada, para substituírem algum jogador vendido no Inverno ou sequer para serem mais-valias óbvias numa equipa já consolidada.

Pontelo chegou como o oitavo jogador capaz de jogar a central e Koba, apesar da menor concorrência, chegou para ser o quinto médio, atrás de Hjulmand, Morita, Bragança e Pote – e só jogam dois. Chegou, no fundo, para fazer o lugar de Essugo, que foi emprestado.

O jovem médio foi para Chaves em Janeiro e, com quatro jogos na Liga na primeira metade da temporada, também não foi por ele que o Sporting foi feliz.

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