Neste domingo assinala-se o Dia da Mãe. Coincidência (ou não), nesta semana cruzei-me com Motherland, uma série protagonizada por imensas caras conhecidas de quem gosta de sitcoms britânicas. Passa no canal de streaming HBO e é a história de várias mães (e também um pai) de classe média, com filhos entre o pré-escolar e o 1.º ciclo. A personagem principal é Julia, que tem dois filhos e uma enorme incapacidade de conseguir conciliar o trabalho com a maternidade porque não tem qualquer apoio. Vou quase a meio da segunda temporada e Julia e o marido Paul são duas personagens que ainda não protagonizaram uma cena juntas, uma vez que Julia fala sempre com Paul pelo telefone, enquanto aquele está com os amigos em festas, no futebol ou com os colegas de trabalho em divertidos team buildings.

Paul engoliu um manual de motivação e diz sempre a Julia como ela é capaz e como ele está sempre lá para apoiá-la. Só que nunca está. Julia também não pode contar com a mãe, uma boomer reformada, que teve a vida facilitada e não sabe o que é a maternidade nos nossos dias, acusa-a a filha. Aliás, não sabe as dificuldades por que a geração da filha passa para se manter à tona de água — pagar casa, acumular funções (porque há reduções de pessoal nas empresas), em suma, sobreviver. Invariavelmente, os episódios começam e acabam com Julia, desesperada, a correr de um lado para o outro, com os dois filhos atrás.

Não é fácil ser mãe. E, por isso, assinalamos o Dia da Mãe com um trabalho dedicado às mulheres que querem ser mães e o que precisam de saber antes de engravidarem. Em termos muito práticos, como se prepararem, que preocupações ter com a sua saúde física e mental (e a do/a seu/sua companheiro/a, que esta é uma viagem que idealmente se deve fazer a dois). Depois, é abrir o coração à aventura!

Rita Pimenta dedica o Dia da Mãe às madrastas, com o livro A Minha Madrasta, de Inês Neves Rosa (texto) e Mariana Dimas (ilustração). Só a palavra "madrasta" parece pressupor que tem de ser uma pessoa "má" e há até que brinque e diga que tem uma "boadrasta" porque os pais (e as mães) podem encontrar outras pessoas nas suas vidas, mas estas não têm de ser necessariamente "más". Há que desconstruir preconceitos se queremos ter famílias felizes.

E por falar em felicidade, por vezes, em relação aos filhos (mas também à vida em geral) pensamos demais. As opções são muitas e acabamos por temer fazer a pior, por isso, avaliamos e analisamos tudo ao pormenor. E, mesmo depois de escolhermos, ficamos a remoer, a remoer... A jornalista Jamie Friedlander Serrano, do The Washington Post, diz que a ciência já concluiu que são as pessoas que tomam decisões "suficientemente boas", e não as que tomam as "decisões perfeitas" (até porque a perfeição não existe), que acabam por ser mais felizes. A ler!

"As mães têm de ser chatas", diz Isabel Stilwell e o argumento é simples, ninguém mais vai dizer aos nossos filhos o que nós lhes vamos dizer. E ser chato é não ser ausente, é estar lá, para educar, educar, educar... Algo que nem sempre é fácil, nem sempre faz sentir bem os nossos filhos, mas, paciência, se queremos prepará-los para a vida, para o mundo, temos de lá estar — por exemplo, como ensiná-los a assumir as suas culpas, para que não se tornem pessoas mesquinhas ou ressabiadas. Não vão ser os professores, nem os futuros empregadores que lhes vão dizer aquilo que podem ouvir de nós. "Até à hora da morte e para lá da morte", dizem Ana e Isabel Stilwell. Porque nem mortas vamos deixar de ser mães! Por isso, força e feliz Dia da Mãe!

Boa semana!