Biden defende imigração e volta a referir-se ao Japão e à Índia como “países xenófobos”

Numa reacção às declarações do Presidente dos EUA, feitas durante um jantar de campanha, a porta-voz da Casa Branca disse que as relações com os dois aliados não serão afectadas.

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O Presidente dos EUA falava num jantar de campanha sobre a abertura dos EUA à imigração Nathan Howard / REUTERS
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Um jantar de campanha de Joe Biden no Hotel Mayflower, em Washington D.C., que tinha como pano de fundo o arranque de um mês dedicado aos cidadãos norte-americanos descendentes de asiáticos e dos povos das ilhas do Pacífico, ficou marcado por um comentário polémico do Presidente dos Estados Unidos sobre a forma como o Japão e a Índia encaram a imigração. Segundo Biden, os dois aliados dos EUA — e também a China e a Rússia — enfrentam dificuldades económicas porque "são xenófobos" e "não querem imigrantes".

É a segunda vez nos últimos dois meses que o Presidente norte-americano se refere ao Japão, à China e à Rússia como "países xenófobos". A 21 de Março, numa entrevista a um programa de rádio dirigido à comunidade hispânica nos EUA — e em que, dessa vez, não fez qualquer referência à Índia —, Biden disse que "os japoneses, os chineses e os russos são xenófobos, não querem ter pessoas que não sejam japonesas, chinesas ou russas".

Tal como aconteceu durante a entrevista gravada em Março, as declarações de Biden no jantar em Washington D.C., na noite de terça-feira, foram feitas na sequência de um elogio à abertura dos EUA à imigração, que o Presidente norte-americano considera ser "uma das razões que explicam o crescimento económico" no país.

"São os imigrantes que nos tornam mais fortes", disse Biden, perante uma audiência de políticos do Partido Democrata que nasceram em países asiáticos, como a senadora Tammy Duckworth (filha de uma tailandesa e nascida em Banguecoque) e os congressistas Raja Krishnamoorthi (filho de indianos e nascido em Nova Deli), Mazie Hirono (filha de japoneses e nascida em Fukushima) e Ted Lieu (filho de taiwaneses e nascido em Taipé).

"Porque é que a China está a abrandar tanto em termos económicos? Porque é que o Japão está a ter problemas? E a Rússia? E a Índia? Porque são xenófobos. Não querem imigrantes", afirmou o Presidente dos EUA.

Na quinta-feira, quando as declarações de Biden começaram a ser noticiadas nos media norte-americanos, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que as relações dos EUA com os países em causa são "tão importantes e duradouras" que não serão afectadas.

"O que ele quis dizer é que nós somos uma nação de imigrantes e que a imigração faz parte do nosso ADN", disse Jean-Pierre. Questionada sobre se Biden admite voltar a referir-se a países como o Japão e a Índia — dois aliados importantes dos EUA — como "xenófobos", a porta-voz da Casa Branca disse apenas que "isso só depende do Presidente".

A Índia, em particular, tem sido um alvo preferencial da política externa dos EUA nos últimos anos, numa tentativa, que remonta ao mandato de Donald Trump, de afastar o país da influência da China.

Em Setembro de 2019, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi recebido em apoteose no maior estádio de Houston, no Texas, num festival dedicado à comunidade indiana nos EUA e que foi promovido com o nome "Howdy, Modi!". Nessa ocasião, Trump e Modi estiveram juntos em cima do palco, e o primeiro-ministro indiano referiu-se ao então Presidente dos EUA como "o maior amigo de sempre da Índia na Casa Branca".

No Verão de 2023, já no mandato de Biden, Modi foi recebido com honras de Estado em Washington D.C., numa cerimónia que o primeiro-ministro indiano descreveu como "uma honra e um orgulho para os 1400 milhões de habitantes da Índia". No mês passado, Fumio Kishida, chefe do Governo japonês, também foi recebido pelo Presidente norte-americano na Casa Branca, tendo discursado no Congresso.

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